" O grande homem é o homem livre" - Kung-Fu-Tse (Confúcio - 孔夫子)

"A liberdade de imprensa é talvez a liberdade que mais tem sofrido pela

degradação da idéia da liberdade. (Albert Camus)

"Atrás da anonímia se alaparda a covardia, se agacha o

enredo, se ancora a mentira, se acaçapa a subserviência,

se arrasta a venalidade." (Rui Barbosa)


Meus textos

sábado, 9 de maio de 2009

Nada Errado


Néventon Vargas*
A dinâmica universal indiscutivelmente nos leva a conceber uma evolução permanente uma vez que nada existe que seja estático, embora o ser humano encarnado tenda a ver estagnação ou até regressão em função de análise parcial e com parâmetros extremamente limitados a uma visão de mundo que abrange apenas a sua realidade física atual. São, entretanto, apenas duas faces de uma mesma problemática, identificadas com as idéias de quem analisa.


Quando analisamos os fatos do cotidiano procurando explicações que sejam convincentes, satisfazendo a nossa razão, conforme os conhecimentos que adquirimos até então, apenas percebemos aqueles que se alojam na memória com maior intensidade. Tais fatos se imprimem indelevelmente na mente porque apresentam particularidades que despertam a atenção, necessitando tomadas de decisões, análises mais profundas, conclusões pertinentes, tudo para corrigir rumos e assimilar conhecimentos.
Os fatos corriqueiros, que não abalam o fluxo natural dos eventos, não se fixam em nós e por isso não são alvo dos nossos questionamentos. Assim sendo, a simples dúvida com relação àquilo que unanimemente é considerado normal, já é um pequeno abalo da ordem vigente. Isso é bom?
O bom e o ruim, assim como o bem e o mal, fazem parte de uma dicotomia histórica generalizada do ser humano que, por flagrante limitação, insiste em buscar o contrário para cada idéia na tentativa de explicar os eventos isolando-os como se em cada um não existissem variáveis desconhecidas, as quais somente holisticamente poderão ser percebidas.
Entendemos que tudo é bom. Não existe nada errado no Universo. Todas as nossas decisões se inserem no contexto universal como possibilidade de aprendizado, não importando a intensidade do abalo que a ação provoque. Sempre será experiência positiva, por mais errado que possa parecer aos olhos da sociedade.
Se pudermos considerar negativo algum resultado este será o zero absoluto, ou seja, a extrema passividade. Somente a absoluta impassibilidade em relação à realidade que percebemos não gera evolução. É a estagnação total.
Assim sendo, a evolução é filha da inquietude, do questionamento, da insatisfação com o dogma, com a verdade dita absoluta. Isto não significa que o agente consideraria erradas todas as realidades percebidas até então. Simplesmente procura acompanhar a Lei de Evolução ou Progresso, cuja aplicação será tão mais célere, quanto menos nos conformamos com a monotonia do rotineiro, reconhecendo sempre ser possível aprender algo mais e tudo que funciona muito bem é apenas um estágio para se tornar melhor.
O Espiritismo, inserido neste contexto, será tão maior e eficaz na construção de um mundo melhor, quanto maiores forem as disposições dos homens em questioná-lo e pesquisá-lo. No paradigma atual ele segue os passos das religiões, tendendo a confundir-se com elas, perdendo seu caráter essencialmente progressista ao apegar-se à tradição do que está escrito, sem ir ao encontro dos diversos ramos do conhecimento.
A despeito de toda e qualquer rejeição que o Movimento Espírita possa apresentar com relação à dinâmica do Espiritismo, sua avaliação constante e conseqüente atualização são imprescindíveis e até inevitáveis simplesmente porque estão sujeitas a uma lei maior, independente das decisões individuais ou coletivas.
A nós, testemunhas desse processo, cabe decidir se participamos dele ou ficamos à margem.
* Secretário da ASSEPE e Delegado da CEPA em João Pessoa - PB.

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